A pior virada de ano!

Filhote da mãe!
Adiei tanto este momento...mês e meio...e ainda hoje me custa falar sobre isto. Mas tenho de o fazer, para pôr isto em dia, e começar a falar do presente e não do passado. Passado que tanto dói.
Como te disse, na tua primeira consulta, tudo sorriu. Nesse dia, os avós F. e A. faziam anos de casados e a mãe contou que iam ser avós! Como sabes, és o 1.º neto deles, logo a alegria foi muito grande!
Na passagem de ano, o pai quis ir passá-la com os amigos à terrinha. E assim foi. Diverti-me tanto, foi a nossa primeira passagem de ano juntos e foi tão divertida. Dançámos tanto, estávamos tão felizes.
No dia 1... no dia 1 de Janeiro de 2008, acordei e tinha sangue nas cuecas. Um sangue castanho, pouco, mas estava lá. Ignorei. Durante o dia, o sangue continuou. À noite falei com a madrinha Lusitana, que me aconselhou a ligar para o médico. Liguei.
Ele, sem me alarmar disse-me para eu ir ter com ele ao hospital, para não me preocupar que não devia ser nada. Na quarta feira dia 2, eu e o pai fomos ao hospital. O Dr. mal viu as minhas cuecas manchadas, não gostou, torceu o nariz. Na eco veio a pior das notícias: tu já não estavas com bom aspecto, aliás o médico disse que te íamos perder. Foi um choque tão grande. Tentei ser forte, o pai saiu logo disparado da sala. Eu fiquei com o Dr. Aconselhou-me a aguardar 48 horas para ver como as coisas evoluíam, e sabes o que me perguntou? Se eu acreditava em milagres, e eu disse-lhe: nestes não...
Foram dois dias de choro, de desespero, de tristeza... Não queria mais bébés, se tu não vinhas, não queria mais. O pai limpou e enxugou cada lágrima da mãe. Foi um valente! Quando era também o maior sonho da vida dele que caía.
Na sexta feira, voltei ao hospital. Desta vez fui com a tia C. Sempre nos sentimos mais confiantes com ela por perto, não é? Sempre é do ramo... Entrei decidida a terminar com a história de vez. O Dr. ainda não tinha chegado, e fui vista por uma médica, nos entretantos... E aí... Tu estavas lá! Bem agarrado à mãe! A tia C. mal olhou para o visor deu logo um salto de alegria. Como a médica foi uma animala (isto para não dizer coisas piores, pois és muito pequenino e não quero que aprendas coisas feias), decidi espera pelo nosso Dr. P! Quando ele chegou, toca de a mãe voltar a abrir a perna e voilá! Tudo se confirmava: estavas comigo, bem firme. Tinha sido um descolamento, mas tu, ainda és mais teimoso que eu! E acho que ouviste tanto choro da mãe que pensaste "não posso deixar esta senhora".´Mas o melhor filho, é que com 5 semanas, ouvi o teu coração! Ainda se ouvia mal, mas ouvimos. Foi o delírio! Eu e a Tia C. ficámos doidas; e o Dr. P. também. E prometeu-te uma palmada extra pelo susto, portanto, vai contando com essa.
Vim com ordem de repouso, com progesterona e uma esperança renovada! E jurei naquele momento, que nunca mais faço nada que te possa prejudicar! Não gostas de festa, queres sossego, não é? A mamã dá!Se bem que depois de nasceres tens de ser mexido, os papás não te dão muitas hipóteses. Mas agora mandas tu!
Um beijo meu anjo, comporta-te aí dentro, nada de algazarras